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Blog de um português...

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Incêndio Pedrógrão Grande


Exmos.

 



Ontem, dia 18 de maio de 2022, a digníssima magistrada do Ministério Público do Tribunal de Leiria, proferiu as suas alegações finais no processo que moveu contra um conjunto de pessoas, entre os quais, o Sr. Augusto Arnaut, Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, relativamente aos incêndios de 17 de junho de 2017, que ocorreram em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.



Nestas suas alegações, ao arrepio da prova que foi produzida (é a nossa firme convicção) em sede de julgamento, nas mais de 50 sessões que o mesmo teve, e com base exclusivamente no “Despacho de Prenuncia”, pediu a condenação do Sr. Comandante de Bombeiros Voluntários, numa pena superior a cinco anos.



Os Bombeiros Portugueses acabaram de levar mais uma machadada na sua vontade de ajudar a salvar vidas e bens do próximo. O “Ministério Público”, ao pedir esta condenação, apresentou do nosso ponto de vista, uma total falta de “Honestidade Intelectual” no conteúdo e na forma com que pede a condenação de um Homem que se disponibiliza a dar o melhor de si em prol do outrem.



Certamente (espero eu; “nós Direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande”), que este pedido possa vir a alertar as consciências dos mais distraídos (BOMBEIROS E DIRIGENTES) sobre o que no futuro pode vir a suceder a um qualquer Bombeiro que, em determinada altura, tenha que exercer a função de COS (COMANDANTE DE OPERAÇÕES DE SOCORRO).



Esperamos (nós Direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande,) que no próximo dia das alegações (previsivelmente dia 25 do presente mês de maio) da Dra. Filomena Girão, a digníssima advogada, representante do Comandante Augusto Arnaut, todos os Comandantes de Bombeiros deste País, possam dizer presente, de uma forma ordeira e disciplinada, como é apanágio dos Bombeiros, à porta do Tribunal de Leiria, numa demonstração de FORTE SOLIDARIEDADE para com o Comandante Augusto Arnaut, porque, hoje é ele, mas amanhã poderá ser um outro qualquer.

 

ASS: algém que perdeu amigos e lutou contra as chamas naquele maldiro incêndio e que percebe o absurdo da pena quer oa comandante dos Bombeiros, quer ao Presidente da C.M. de Pedrógrão Grande



 



 

National Geographic realizou documentário que explica incêndios de Pedrógrão Grande

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National Geographic estreou ontem, 20 de novembro pelas 22h, a série documental “Witness to Disaster” – em português, “Testemunhos do desastre” – , sendo o primeiro episódio é dedicado à “história do maior incêndio na história de Portugal e de como este devastou uma comunidade rural” no verão de 2017: Pedrógão Grande.

Para a produção deste episódio, a produtora do Reino Unido teve acesso a imagens captadas pela plataforma CentroTV, durante os incêndios que assolaram a região, em junho de 2017, recorreu ainda a imagens de video-amadores e de videovigilância. “Witness to Disaster” conta também com “um conjunto de entrevistas a testemunhas”. O objetivo da produção é revelar cientificamente “como tudo aconteceu, e como decisões tomadas numa fração de segundo fizeram a diferença entre a vida e a morte”. Morreram 66 pessoas nesse incêndio, além de 254 terem ficado feridas.

 

Ressalva, fiquei chocado com o que os especialistas referem em relação aos eucaliptos: é verdade que são a principal causa de dissiminação do fogo, devido as suas cascas voarem durante os incêncios, iniciando outros fogos. Mas têm uma enorme falha, seguem o senso comum de que os eucaliptos são a principal causa de combustão dos incêndios. Curiosamente, quem estava na zona durante os incêndios - eu estava e combati os fogos - onde se iniciou o primeiro fogo é uma zona de pinhal e pode-se observar dias após os fogos que as areas ardidas eram maioritariamente de pinheiros, o que é natural, pois devido à resina ardem com mais facilidade do que os eucaliptos. Observando-se também que as zonas de eucaliptos que estavam sem "mato" não arderam, ao contrário das zonas de pinhal que mesmo limpas arderam por completo. Não culpem os eucaliptos por tudo...

Buscas em Pedrógrão Grande - Curiosidades

A Polícia Judiciária está a fazer buscas nas instalações da Câmara Municipal de Pedrógão e na Casa da Cultura à procura de provas para o processo em que se investigam alegadas irregularidades na atribuição de fundos para a reconstrução das casas destruídas pelos fogos de 2017. Acerca destas buscas, há "curiosidades" que me deixam perpelexo. Senão vejamos:

 

- Os orgãos de comunicação social, nomeadamente a TVI, noticiou as buscas na Câmara Municipal de Pedrógrão Grande antes dos agentes da PJ chegarem ao local - no mínimo curioso. O segredo de justiça/investigação onde está?? Ainda falam do Paulo Gonçalves e do Benfica. Estes telefonemas "mágicos" de orgãos judiciais aos orgãos de comunicação social não são de agora.

 

 - A investigação já estava em curso desde junho e não foi despoltada pela reportagem "Compadrio" - como a TVI noticia a miúde. O Ministério Público abriu, nessa altura, um inquérito para investigar alegadas irregularidades na reconstrução de casas afetadas pelos incêndios de Pedrógão Grande. Não esquecer que os “inquéritos judiciais” em curso são da iniciativa da autarquia.

 

- A investigação foi despoltada a pedido da Câmara de Pedrógrão Grande  - ainda antes da famosa reportagem -  tendo  sido feito de novo um pedido de investigação (esta semana)  à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), o envio, com o pedido de averiguação, ao Ministério Público. 

 

- O Presidente do Município Pedroguense, é um ex-inspector da Polícia Judiciária de nível reconhecido entre pares. O que torna a investigação no mínimo estranha, pois com facilidade Valdemar Alves saberia quando e onde a Judiciária iria investigar. Quero acreditar na boa fé do Presidente.

 

 - As reportagens em loop um pouco por todos os canais, baseadas no diz que disse e sem documentação que o prove é o jornalismo que temos. Notícias como: "Segundo o jornal X...", é sempre um terceiro que afirma, no fim ninguém sabe a fonte da notícia.

 

PS - devo mencionar que sou pedroguense e que estive no edifício da Câmara Municipal entre as 9h e as 11h 30m a tratar de assuntos particulares. Quando eu e os presentes virmos a notícia da TVI fartamos-nos de rir, pois ninguém da polícia lá estava na altura. Os agentes chegaram 40 minutos depois.

 

Desejo acima de tudo que a verdade chegue à justiça, o que nem sempre acontece.

Chiado - Memórias

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Era um dia como tantos outros de Agosto, os meus pais já tinhamos gozados as férias deles e eu - um miúdo de 14 anos - ia a meio das minhas "férias grandes". Normalmente, levantava-me por volta das 11 horas, mas naquela manhã de 25 de Agosto foi acordado pelas 8 pelo som estridente da pequena televisão que a minha mãe tinha na cozinha. Fui ver o que se passava e ainda "estremunhado", vi na tela Lisboa a arder. Já mais me esqueci daquela imagem...

 

Passaram 30 anos, desde a manhã que vi o Chiado arder na televisão. A Baixa lisboeta estava a ser destruída por um violento incêndio que deflagrou cerca das 5 horas da madrugada e que incidiu principalmente nas Ruas do Carmo, Garrett e Nova do Almada, num total de 18 edifícios. Lojas históricas desapareceram no meio das chamas, apagando muitas das memórias ligadas à historia da cidade e ao Chiado em particular.

 

O brutal incêndio de 1988 obrigou a redimensionar a Baixa Pombalina, sob a direcção técnica do arquitecto Siza Vieira. A Câmara Municipal de Lisboa demorou dez longos anos para recuperar o que o fogo consumiu. Em 1999 finalmente retiraram o viaduto para peões que afastava as pessoas da zona atingida e abriram as artérias aos peões, ainda com muitos edifícios por acabar. Tenho a sensação que demoramos mais tempo a reconstruir o Chiado do que o Marquês de Pombal a reconstruir a cidade toda.

 

Passados 30 anos o Chiado é uma zona que voltou a ser um forte centro económico-cultural e uma das zonas mais caras de Portugal, que pertence na maioria a uma imobiliária chinesa…

Monchique - a cadeia de comando

Vítor Vaz Pinto, comandante distrital da Proteção Civil de Faro, coordenou as operações de combate ao incêndio de Monchique durante cinco dias. Ao quinto dia, a coordenação do incêndio passou para o comando nacional o que levou muita gente a pensar que o Governo o tinha afastado. Na realidade a substituição foi praticamente automática a partir do momento em que o nível de incêndio subiu de quatro para cinco.

 

Sistema de Gestão de Operações esclarece no artigo 1º que deve ser garantido o “desenvolvimento de um sistema evolutivo de comando e controlo adequado à situação em curso”. Ou seja: quanto maior o incêndio, maior terá de ser a hierarquia do comando.

 

Ora aqui é que está o erro que já no passado deu maus resultados. Compreendo que seja complicado comandar um número elevado de efectivos e veículos e por isso que se tenha de subir a hierarquia de comando. Por outro lado, quem é que conhece melhor a região? O comandante distrital ou um tipo que passa o tempo sentado numa cadeira em Lisboa?

 

Como é óbvio quem está no terreno vai passando informação à cadeia de comando, mas há sempre falhas e pequenos detalhes - como caminhos - que apenas os locais conhecem. Resultado: descoordenação entre efectivos e a realidade no terreno. Assim foi em Pedrógrão e assim voltou acontecer...

 

Um grande obrigado a quem neste momento tão crítico está a combater as chamas.

Qual é a legalidade de entrarem nas casas das pessoas para as retirar à força da zona de incêndio?

Tenho lido por estes dias em alguns jornais, que há pessoas na zona de incêndio de Monchique a serem retiradas de casa sob coação. Compreendo que queiram salvar as suas coisas, mas primeiro devem salvar-se a si próprias. É ai que entram as autoridades.

 

Apesar da boa vontade das autoridades para retirar alguém à força e de dentro de casa é necessário um mandato perante a lei (art. 34º da C.P.)

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Por outro lado, pode cometer-se uma "ilegalidade" para preservar um bem maior (a vida). Ou seja, quando há risco de vida as autoridades podem actuar de forma preventiva e retirar os cidadãos. Mas como todo o tipo de uso de força pode ser contestado judicialmente de forma preventiva ou posterior, pode ser levantado um processo.

 

É uma lei de "pescadinha de rabo na boca"...

Os incêndios e a Política

Existem muitas leis, e sempre que uma tragédia acontece ouvimos um político dizer “cumprimos com toda a legislação vigente” ou "colocamos no terrenos os meios adquados". Apurar responsabilidades só quando os Presidentes de Câmara pertencem a outros partidos. Se os políticos fossem sacudir a água do capote para Monchique o incêndio já estava extinto...

 

Este ano o vilão é o eucalipto, não são as pessoas que os plantam para depois vender a uma celulose qualquer ou os políticos que só se lembram do problema no verão.

 

O eucalipto é um criminoso que veio da Austrália para nos apoquentar, os políticos não têm culpa nenhuma. A culpa é das árvores que não deviam ter nascido. Com um vilão destes já merecíamos ter um "mau da fita" português na Marvel: o Eucalypto.

Eucaliptos - o mal maior

O eucalipto, árvore originária da Austrália, é a campeã da floresta portuguesa. À semelhança dos anos anteriores, foi a espécie mais usada em arborizações e rearborizações em Portugal no ano de 2017. De acordo com o último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas foram plantados 18 mil hectares de eucalipto. Pode-se concluir que pouco se aprendeu com os incêndios de 2017.

 

Recordo que o Parlamento aprovou uma lei, depois dos fogos de Pedrógão Grande, que proibe novas plantações de eucaliptos em áreas onde estes não existiam, a partir de janeiro de 2018. Na maior parte dos casos foi feita tábua rasa da lei e plantaram-se eucaliptos em todo o lado. As atitudes são as mesmas apesar da obrigação de limpeza das matas. Compreendo que o eucalipto dê emprego a muita gente em zonas onde o desemprego é um flagelo e que dê dinheiro a alguns, mas não podemos continuar a usar a floresta desta maneira com esta árvore. Temos de encontar soluções.

 

Um dos maiores empresários de madeira de Pedrógrão Grande - Vitor Managil - afirma em público: "jamais deixarei de plantar eucaliptos, pois é dessa madeira que tiro o sustento e crio emprego numa zona em que os empregos são poucos." A luta é inglória. Quantas pessoas precisam de morrer? Quantos hectares têm de arder? Quantas casas têm de ficar reduzidas a cinzas para o governo tomar atitudes sérias e fortes em relação à "praga dos eucaliptos"? Entretanto Portugal continua a arder.... 

 

Portugal a arder

Os incêndios mais trágicos que Portugal viveu fazem agora cerca de um ano. E o que mudou entretanto? No combate, ainda faltam meios. Na prevenção, avançou-se aos poucos. A floresta demora tempo e recursos. A rede de comunicações SIRESP ganhou novas antenas e donos.

 

Como no ano passado, a Protecção Civil continua mais preocupada em ocultar a sua incapacidade do que em informar a população do que se está a passar, o que torna a incerteza o sentimento dominante da população.

 

Entretanto, Portugal continua a arder...