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iTUGGA

Blog de um português...

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IRA - Terroristas ou justiceiros irónicos?

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Sempre que leio a sigla IRA lembro-me do Exército Republicano Irlandês e da música dos U2 "Sunday bloody Sunday", mas desta vez escrevo acerca de outro IRA. Eu, tugga que sou, descansado neste rectângulo de terra à beira Atlântico plantado, no conforto do meu sofá, descobro que  Portugal está cheio de terroristas: primeiro, foram os membros da claque do Sporting que invadiram a academia e, agora, os terroristas do IRA (Intervenção e Resgate Animal) que resgatam animais "cute", com paus, pedras e machados. Todos eles com pinta de seguranças do "Urban".

 

A festa do costume, começou quando uma reportagem TVI de Ana Leal - sempre ao lado do sensacionalismo - expõe a organização (IRA) com ligações a movimentos nazis, dizendo que usam a violência e armas de fogo para resgatar crias de gatos e cães. Até percebo que podem ser um bando de criminosos que batem em velhinhas que se esqueceram de dar a ração ao cão. Logo, não confirmo, nem desminto.  Mas espero que a polícia investigue e os tribunais provem tais acusações. O que me meteu alguma impressão foi a clara forma tendenciosa e de má fé como a reportagem foi realizada, especialmente a parte em que mostram um vídeo do canal de YouTube do IRA e usam apenas os excertos que convém, para dar força à tese de terrorismo e associação criminosa. A questão é que goste-se ou não do propósito do IRA, a verdade é que organizações destas só existem porque as entidades competentes não actuam quando devem. Por outro lado, já pensaram na "ironia" que está por detrás aqueles vídeos?

Reportagem "Compadrio" - TVI

Quando escrevo este post, a reportagem TVI com o nome "Compadrio" - acerca das irregularidades na reconstrução das casas de primeira habitação ardidas no conselho de Pedrógrão Grande em 2017, ainda não foi emitida. Irá ser emitida durante o Telejornal às 20 horas de hoje no referido canal. Mas, o que me já vi da mesma, repudia-me...

 

Mas vamos por partes,

pelo que me chegou ao conhecimento, a reportagem acerca do alegado esquema de compadrio na atribuição de donativos para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande e o uso fraudulento dos mesmos na reconstrução das casas ardidas com a ajuda e consentimento dos poderes públicos locais são a base da suposta investigação da reportagem.


Sei também, que o presidente da Câmara Municipal de Pedrogão Grande e o ex- vereador Bruno Gomes na época encarregue pela reconstrução das casas - têm conhecimento de uma investigação judicial acerca de irregularidades no processo que envolveu a atribuição de donativos. Processo ainda em investigação e em que nada foi provado...

 

A reportagem vem agora, alegadamente, com testemunhos inéditos, na primeira pessoa, que garantem que tiveram indicações para adulterar os processos de candidatura, forjando moradas de residência, com a conivência dos poderes públicos locais. Tudo isto depois de se ter dado inicio a uma investigação por parte das autoridades competentes.

 

Sendo eu da zona e conhecendo pessoalmente alguns dos intervenientes desta história, tenho a obrigação moral de esclarecer alguns pontos acerca desta pseudo-reportagem.

 

O que a jornalista fez foi pegar numa desavença famíliar (conhecida na freguesia em questão- Vila Facaia - trazendo-a para a esfera pública. Usa a desavença entre dois irmãos como base para uma reportagem com muito fumo onde já infelizmente ardeu tudo. Na reportagem o irmão do então Presidente da Junta de Freguesia de Vila Facaia afirma que os poderes públicos com incidência no irmão o aconselharam a indicar na documentação oficial uma casa degradada pertença de sua mãe como sendo a sua (e da mãe) primeira habitação. É de salientar que a Junta de Vila Facaia, ao contrário do que a reportagem inicia, ficou de fora de todo o processo de reconstrução das casas. 

 

Parece-me mais um sacudir de água do capote, deste e de outros usurpadores de dinheiros públicos, que com medo de ser apanhados devido à investigação em curso, tentam a todo o custo colocar a culpa em terceiros pelos seus próprios actos. Neste caso em particular, foi o próprio irmão - Presidente da Junta - o primeiro a manifestar-se acerca de algumas irregularidades nos processo e daí a desavença entre famíliares, que a reportagem não menciona. Ou seja, a repórter não descobriu nada de novo, pois já está a decorrer uma investigação. Apenas deu voz aos criminosos, que assim, tiverem oportunidade de sacudir a culpa para outros.

 

Em segundo plano, a reportagem demonstra que algumas das reais primeiras habitações, ainda não estão concluídas, sendo que, as supostas segundas habitações que passaram a primeiras com falsas alegações, já estão prontas. Mais uma vez, a honestidade da reportagem falha em toda a linha. A reportagem omite propositadamente, que as casas de primeira habitação, que ainda não foram concluídas, deve-se a objecções levantadas pelos proprietários - nomeadamente devido à redução da áreas das habitações e o derrube de paredes de xisto - e não aos mecanismos públicos, como a reportagem tenta fazer passar, sendo apenas esse o motivo da existência de algumas pessoas habitarem casas da segurança social.

 

A repórter em entrevista ao Presidente da Câmara de Pedrógrão Grande que lhe desmente a situação, enquanto a jornalista sem provas e a basear-se no "diz que disse" e em documentação que supostamente alguém que foi apanhado em falcatrua, diz agora ter sido coagido a preencher,  quer sobrepor-se à investigação em curso e acusar o munícipo de desonestidade.

 

A falta de coerência e desonestidade intelectual da jornalista autora da reportagem em questão já é demais conhecida - tendo sido alvo de vários processo disciplinares quer pela estação para a qual trabalha, quer da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, sendo a falta à verdade uma das principais causas. Mais uma vez, baseada em meias verdades e em omissões propositadas, faz uma reportagem sem fogo, mas com muito fumo... todos já sabiamos das suspeitas.

 

Espero resposta pública das autoridades competentes....