Chiado - Memórias
Era um dia como tantos outros de Agosto, os meus pais já tinhamos gozados as férias deles e eu - um miúdo de 14 anos - ia a meio das minhas "férias grandes". Normalmente, levantava-me por volta das 11 horas, mas naquela manhã de 25 de Agosto foi acordado pelas 8 pelo som estridente da pequena televisão que a minha mãe tinha na cozinha. Fui ver o que se passava e ainda "estremunhado", vi na tela Lisboa a arder. Já mais me esqueci daquela imagem...
Passaram 30 anos, desde a manhã que vi o Chiado arder na televisão. A Baixa lisboeta estava a ser destruída por um violento incêndio que deflagrou cerca das 5 horas da madrugada e que incidiu principalmente nas Ruas do Carmo, Garrett e Nova do Almada, num total de 18 edifícios. Lojas históricas desapareceram no meio das chamas, apagando muitas das memórias ligadas à historia da cidade e ao Chiado em particular.
O brutal incêndio de 1988 obrigou a redimensionar a Baixa Pombalina, sob a direcção técnica do arquitecto Siza Vieira. A Câmara Municipal de Lisboa demorou dez longos anos para recuperar o que o fogo consumiu. Em 1999 finalmente retiraram o viaduto para peões que afastava as pessoas da zona atingida e abriram as artérias aos peões, ainda com muitos edifícios por acabar. Tenho a sensação que demoramos mais tempo a reconstruir o Chiado do que o Marquês de Pombal a reconstruir a cidade toda.
Passados 30 anos o Chiado é uma zona que voltou a ser um forte centro económico-cultural e uma das zonas mais caras de Portugal, que pertence na maioria a uma imobiliária chinesa…